ficava no banheiro o dia todo e se cuidava porque sabia que ter mijo no pau é como ter assunto, então tomava dez litros de refrigerante por dia e ficava lá mijando e conversando, observando paus, sacos e coxas peludas, cabeças pra fora ou pra dentro. Uns eram mais receptivos, outros perdiam a cabeça (ops) com Estela e partiam pra ignorância, mas logo se acalmavam, impressionados enquanto observavam que durante toda a conversa lado a lado no bidê, fosse ela pacífica, interessante ou tensa (quase uma agressão) dado os olhares e os conflitos de interesse (exaltados ou enrustidos), Estela permanecia o tempo todo mijando, quer passasse dez minutos, quer um quarto de horas e sabe que todo ser humano é assim e admira aquilo que não é capaz de fazer.
Mas pobre Estela, que de tanto refrigerante ganhou diabete e uma barriguinha teimosa porque mijava a água e despejava o açúcar no sangue mas ok, ok, a conversa não ia parar, agora como uma boa bicha light bebia água mineral (sem gás, não queria arrotos, o bidê era seu palco, o colega ao lado seu público cabeça e saco e coxa peluda, todo mundo ali) 10 litros bem bebidos, urina suficiente pro dia todo um bom papo, uma economia no custo, a saúde ia a vento e polpa, a barriguinha diminuía eis que descobre (tragédia) bicha predestinada à tragédia (tragédia) um susto! Que problema! Numa carta a empresa explica, estava adicionando açúcar à água, um pequeno golpe, ela espera que seus consumidores entendam.
A bicha entra em pânico corre pra latrina, senta com coco boiando, observando-a. Arranca as sapatas e as meias e brota uma flor roxa saída do chão. Aquele chão de esgoto imundo. Ela virou um rato, respira como um rato, pensa como um rato. Se lembra do dia em que faltou urina e foi espancado. Era a urina sua parte mais interessante, não a urina em si mas o volume infindável de urina que sua bexiga treinada esforçada era capaz de produzir.
Deixa de ser rato, volta a ser bicha. Pensa em como era ser rato. Rato de esgoto, bicha também de esgoto. Sabia o que aconteceria, teria que cortar fora seu pinto. Acabava de chegar do médico e fantasiava que chegava do bosque. Tentava sonhar com nuvens para encobrir sua dura realidade. A diabetes gangrenara seu pé há alguns dias, ela nem percebia mas não era mais para a urina que seu público olhava. Era para o pé preto, parecendo uma bota velha de couro ressecado. Pois a gangrena subiu e comeu sua coxa inteira e agora estava devorando sua marionete.
- Olhe para esse pinto.
- Parece uma flor roxa?
- Parece tanta coisa... Tanta menos um pinto.
Em poucos dias o pinto foi cortado. Haviam silenciado o poeta dos bidês.
5 comentários:
O autor de "Sugar Blues" também irá gostar! rs
Sand.
ah daniel... saber que tu vai dividir o que escreve foi o melhor sol da noite.
dizem pelas bandas europeias q o demonio esconde - se dentro de um saco de açucar se ingerido por bichas freneticamente fanaticas por sacos e pernas peludas se torna um problema ainda maior.
quanto a maria estela se me permite chama-la assim,mereçeu o q teve.a vida passa muito rapido pra perder horas com coxas e pelos e punmms fedidos em toillete.
Viva o retorno de Tito Bala
que foto de cafajeste!!!!
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