entro no quarto e começo a desfazer a armadura que me carrega pelas ruas, todas elas míopes pranchas asfaltadas em cima de madeira, de terra e minhoca. corro pra cozinha acendo a luz de trás, amarela e tranquila feito doce de chá iluminando Buda iluminado pendurado num pano enquanto eu esquento toda a comida que posso o suficiente para que o calor espere dentro dela até que eu volte do banho e quando entro novamente no quarto surpreso me orgulho em ver as janelas estão embaçadas pelo vapor do calor que eu criei (na hora esqueço que não fui eu e sim o fogo o fogão) eu embacei os vidros da janela do quarto com meu calor! e com os dedos escrevi uma poesia neles, uma poesia de fome. e fico pensando como a comida é digerida já que eu não faço o menor esforço só mastigo & engulo e mastigo & engulo mais uma vez porque a fome exige repetição agora e amanhã perco as contas de quantos banhos já foram tomados (com medo de me distrair e perder algum detalhe importante) escuto o zumbido lá de fora o silêncio aqui de dentro - vão se fundir em algo que escapa ao tempo nessa delícia pequena morte que se chama dorm__.
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