ela me beijava e caia arroz de nossas bocas

no vagão da frente estavam gerações dos meus parentes já mortos

as poltronas gordas nos abraçavam

e nos bancos desocupados era possível esticar os pés

conheço pouco dos meus parentes

por isso havia muitos lugares vazios.

de dentro do trem a gente via as pessoas vivendo

cada uma sua vida, víamos por dentro das casas

e também o que acontecia nas ruas

era possível enxergar certa semelhança

entre as pessoas & os cães sem dono

entre os cães sem dono & os pássaros donos de si mesmos

que voavam imóveis ao lado do trem.

a vida mesmo parecia não se mover, pois

dentro do trem nos movíamos no mesmo ritmo que ela

perceber e lamentar a mudança se tornava

impossível, pois as coisas passavam rápido demais

para que pudéssemos tentar agarrá-las

deixá-las ir nos dava um prazer maior

que não acabava quando elas iam, afinal

nós mesmos estávamos indo

todos na mesma direção.

ela me beijava, caia arroz de nossas bocas

no vagão da frente estavam gerações dos meus parentes já mortos

e seguíamos calmos pois o desfecho seria um enorme

encontro.


Um comentário:

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