no cano de alumínio. Desconfortável, sentada de lado. Fazia uma tarde linda com o sol tornando ouro tudo que tocava. Mantega vestia uma saia de pano leve que não dava trabalho pro vento erguer,a coitada deixando uma mão pousada todo o tempo sobre as pernas. Com a outra se apoiando ora no quadro ora no guidom, acompanhando a paisagem que passava ao seu lado sem esforço, sem virar cabeça, sem correr com olhos.
- Sabe o barulho que o giz faz quando risca a lousa?
- Sei
- Te irrita?
- Muito.
- Eu me irrito com os ponteiros do relógio.
Mantega apavorada pelos relógios. Só aceitou meu convite porque antes tirei o meu. A danada queria que eu quebrasse.
- Quebra ele.
- Sua danada. Sabe quanto paguei?
- Não faz sentido medir uma coisa que não tem fim.
Que não tem fim... Quanta coisa inteligente podia sair da boca dela. "Eu preciso testá-la, saber se tem equilíbrio" - pensei comigo. Quando entramos numa reta, afastei uma mecha de cabelo deixando a mostra sua nuca. Na mesma hora pelinhos em pé. Ela emudeceu. Aproximei minha orelha até encostar em sua cabeça pra beijar seu pescoço com um beijo longo; um beijo à vácuo. Ela se encolheu toda ainda muda. Não arrumei o cabelo, nem ela; ele continuou lá (o pescoço) peladinho, como um cachoeira num dia de verão. Ela havia passado no teste, a estabilidade da bike era perfeita.
- Mantega, quer pilotar?
- Como?
- Voce assume o guidom e eu pedalo.
- Não dá!
- Tenta antes de dizer que não dá.
Uma de suas mãos já estava pronta, a outra de repente abandonou a saia e agarrou o guidão ("guidom" é muito feio, a partir daqui vou falar guidão) da mesma forma como algumas pessoas se agarram à segurança de um lar, de um trabalho, de uma família, de um blá-blá-blá, blá-blá-blu...
Eu ia pedalando enquanto minha perna raspava seu bumbum e meu peito tocava seu braço, os corpos dialogando o que significa que ela estava sentada QUASE de frente para a estrada, com aquele cano QUASE entre suas coxas, que agora sem proteção haviam se tornado OURO devido ao sol e ao vento que brincava com a saia (coisa fácil). Eu via tudo. Mantega é linda como a chuva caindo no teto de uma choupana depois que a guerra acaba e a terra já recolheu o sangue e lançou flores em sua superfície em homenagem aos mortos; me empolgando com o que eu NÃO estava vendo, apenas imaginando; pois sabia que logo ali, atrás das costas e da nuca nua cachoeira de verão tinham dois peitinhos lindos, presos dentro de um sutiã branco rendado tamanho 40, com a borda beirando os biquinhos em apenas 1,7 cm de distância (nada como ter informação). Eu não via, mas sabia que estavam se mexendo pelo reflexo de movimento que davam na parte de trás da camisa.
(Eu adoro os peitos de Mantega, aliás essa não é a primeira vez que escrevo sobre eles, tenho um projeto de catalogá-los com todos os detalhes, pesos, medidas, gostos, fotos laterais, frontais, superiores e inferiores... Uma vez disse a Mantega que se fôssemos parar os dois numa ilha deserta e não tivessemos muito o que fazer por lá, eu chuparia suas tetas até elas chegarem ao chão e continuaria com elas na boca estivessem sujas de terra ou salgadas de mar.
Com tanto carinho por elas (as tetas) eu havia me tornado um especialista e depois de um longo período de relutância Mantega havia se entregado a mim como se fosse uma garrafa de leite daquelas de vidro que o entregador deixa na porta de algum iglu, escrito na etiqueta "FAÇA O QUE QUISER COMIGO" ou então "UM DIA CONGELO E VIRO SORVETE").
Ah Mantega, linda e absurda, alheia ao mundo, tão completa e brilhante, em poucos dias distante quem sabe para sempre. O vento cheio de calor soprando em mim em você me fez ficar triste, triste como eu nunca havia ficado. Triste como um círculo. Quantas perguntas não respondidas anotei em meus pensamentos, no meu coração e em minhas orações? - ainda que a maior parte delas não tenha nada a ver com você. E porque esse momento traz isso à tona? O sol, você, o vento, seus peitos...
Os peitos. Eu sabia que se pudesse alcançar os peitos as perguntas cessariam e seríamos tocados pelo frio e pelo calor ao mesmo tempo, mergulhando nossas cabeças cheias de fios de cabelo encharcados de minutos anteriores na poça eterna daquele instante e então deixaríamos nossas pegadas nessa dança (sem música) que é a vida.
Ela largou o guidão antes que eu pegasse. Quase nos derrubou, virou pra mim, já não tinha sutiã eu podia ver duas medalhinas escuras por trás da camisa, tirou os braços da frente e me olhando, sem mexer os labios disse: "Vai, põe sua boca neles". Eu respondi igual: "Não, a camisa está suja, voce derrubou sorvete nela?" Ela lá me olhando, tudo numa bicicleta. Então eu disse: "Tire a camisa, louquinha". Ela era/estava/sempre foi louquinha, maluca. Ela tira. Eu tenho uma ejaculação precoce de idéias percorrendo os labirintos da minha mente, uma algazarra abstrata e desorganizada.
Espera.
Travei os braços, a estrada era reta então bastava não ter movimentos bruscos. Fui me inclinando até ficar cara a cara com eles. Fingi que estava em dúvida mas não estava: primeiro o da esquerda. Coloquei a lingua pra fora como soldados estendem tapetes vermelhos deixe-a-rainha-passar. Lambi desde de baixo, cheguei no peito lombada lambada com uma lambida. Mantega tadinha ficava falando numa nova língua de louquinha que nem eu entendia.
Mas espera.
Perna pedala. Perna pedala. Perna pedala.
OS SEIOS DE MANTEGA SÃO DOIS GUARDAS DE SALÃO QUE SE DEPILAM
Perna pedala. Perna pedala. Perna pedala.
OS SEIOS DE MANTEGA SÃO MEUS FILHOS QUE AINDA NÃO NASCERAM. AH MAS QUE GRAÇA: UM CASALZINHO!
Perna pernala. Perna perdala. Perda penala...
Estávamos sendo tragados pelo movimento! O tempo passando, o prazer acabando. Éramos correntes, passageiros, flutuando; não estávamos ali. Onde então? No mato feito espinho ou dentro de um sonho? Alguém arriscaria dizer: "Eternamente unidos em suas lembranças" - Ok, existindo como um micro-relâmpago surfando nos miolos do cérebro, uma descarga elétrica sambando com as pequenas veias entretidas na tarefa de levar o sangue pra lá e pra cá...
- Escapei por um triz!
- É um perigo andar contra o vento numa linha de trem.
- O trem é só um monstro rastejante.
Epa, eu não queria acordar, mas o sono é uma morte leve e o querer é feito de nuvem que o vento leva de um lado pro outro. O mesmo vento que me fez ficar triste, triste como um círculo, agora me deixava alegre como uma bola. Uma grande bola gorda & colorida sendo jogada pro ar.
(todo fim é um novo começo)
- Sabe o barulho que o giz faz quando risca a lousa?
- Sei
- Te irrita?
- Muito.
- Eu me irrito com os ponteiros do relógio.
Mantega apavorada pelos relógios. Só aceitou meu convite porque antes tirei o meu. A danada queria que eu quebrasse.
- Quebra ele.
- Sua danada. Sabe quanto paguei?
- Não faz sentido medir uma coisa que não tem fim.
Que não tem fim... Quanta coisa inteligente podia sair da boca dela. "Eu preciso testá-la, saber se tem equilíbrio" - pensei comigo. Quando entramos numa reta, afastei uma mecha de cabelo deixando a mostra sua nuca. Na mesma hora pelinhos em pé. Ela emudeceu. Aproximei minha orelha até encostar em sua cabeça pra beijar seu pescoço com um beijo longo; um beijo à vácuo. Ela se encolheu toda ainda muda. Não arrumei o cabelo, nem ela; ele continuou lá (o pescoço) peladinho, como um cachoeira num dia de verão. Ela havia passado no teste, a estabilidade da bike era perfeita.
- Mantega, quer pilotar?
- Como?
- Voce assume o guidom e eu pedalo.
- Não dá!
- Tenta antes de dizer que não dá.
Uma de suas mãos já estava pronta, a outra de repente abandonou a saia e agarrou o guidão ("guidom" é muito feio, a partir daqui vou falar guidão) da mesma forma como algumas pessoas se agarram à segurança de um lar, de um trabalho, de uma família, de um blá-blá-blá, blá-blá-blu...
Eu ia pedalando enquanto minha perna raspava seu bumbum e meu peito tocava seu braço, os corpos dialogando o que significa que ela estava sentada QUASE de frente para a estrada, com aquele cano QUASE entre suas coxas, que agora sem proteção haviam se tornado OURO devido ao sol e ao vento que brincava com a saia (coisa fácil). Eu via tudo. Mantega é linda como a chuva caindo no teto de uma choupana depois que a guerra acaba e a terra já recolheu o sangue e lançou flores em sua superfície em homenagem aos mortos; me empolgando com o que eu NÃO estava vendo, apenas imaginando; pois sabia que logo ali, atrás das costas e da nuca nua cachoeira de verão tinham dois peitinhos lindos, presos dentro de um sutiã branco rendado tamanho 40, com a borda beirando os biquinhos em apenas 1,7 cm de distância (nada como ter informação). Eu não via, mas sabia que estavam se mexendo pelo reflexo de movimento que davam na parte de trás da camisa.
(Eu adoro os peitos de Mantega, aliás essa não é a primeira vez que escrevo sobre eles, tenho um projeto de catalogá-los com todos os detalhes, pesos, medidas, gostos, fotos laterais, frontais, superiores e inferiores... Uma vez disse a Mantega que se fôssemos parar os dois numa ilha deserta e não tivessemos muito o que fazer por lá, eu chuparia suas tetas até elas chegarem ao chão e continuaria com elas na boca estivessem sujas de terra ou salgadas de mar.
Com tanto carinho por elas (as tetas) eu havia me tornado um especialista e depois de um longo período de relutância Mantega havia se entregado a mim como se fosse uma garrafa de leite daquelas de vidro que o entregador deixa na porta de algum iglu, escrito na etiqueta "FAÇA O QUE QUISER COMIGO" ou então "UM DIA CONGELO E VIRO SORVETE").
Ah Mantega, linda e absurda, alheia ao mundo, tão completa e brilhante, em poucos dias distante quem sabe para sempre. O vento cheio de calor soprando em mim em você me fez ficar triste, triste como eu nunca havia ficado. Triste como um círculo. Quantas perguntas não respondidas anotei em meus pensamentos, no meu coração e em minhas orações? - ainda que a maior parte delas não tenha nada a ver com você. E porque esse momento traz isso à tona? O sol, você, o vento, seus peitos...
Os peitos. Eu sabia que se pudesse alcançar os peitos as perguntas cessariam e seríamos tocados pelo frio e pelo calor ao mesmo tempo, mergulhando nossas cabeças cheias de fios de cabelo encharcados de minutos anteriores na poça eterna daquele instante e então deixaríamos nossas pegadas nessa dança (sem música) que é a vida.
Ela largou o guidão antes que eu pegasse. Quase nos derrubou, virou pra mim, já não tinha sutiã eu podia ver duas medalhinas escuras por trás da camisa, tirou os braços da frente e me olhando, sem mexer os labios disse: "Vai, põe sua boca neles". Eu respondi igual: "Não, a camisa está suja, voce derrubou sorvete nela?" Ela lá me olhando, tudo numa bicicleta. Então eu disse: "Tire a camisa, louquinha". Ela era/estava/sempre foi louquinha, maluca. Ela tira. Eu tenho uma ejaculação precoce de idéias percorrendo os labirintos da minha mente, uma algazarra abstrata e desorganizada.
Espera.
Travei os braços, a estrada era reta então bastava não ter movimentos bruscos. Fui me inclinando até ficar cara a cara com eles. Fingi que estava em dúvida mas não estava: primeiro o da esquerda. Coloquei a lingua pra fora como soldados estendem tapetes vermelhos deixe-a-rainha-passar. Lambi desde de baixo, cheguei no peito lombada lambada com uma lambida. Mantega tadinha ficava falando numa nova língua de louquinha que nem eu entendia.
Mas espera.
Perna pedala. Perna pedala. Perna pedala.
OS SEIOS DE MANTEGA SÃO DOIS GUARDAS DE SALÃO QUE SE DEPILAM
Perna pedala. Perna pedala. Perna pedala.
OS SEIOS DE MANTEGA SÃO MEUS FILHOS QUE AINDA NÃO NASCERAM. AH MAS QUE GRAÇA: UM CASALZINHO!
Perna pernala. Perna perdala. Perda penala...
Estávamos sendo tragados pelo movimento! O tempo passando, o prazer acabando. Éramos correntes, passageiros, flutuando; não estávamos ali. Onde então? No mato feito espinho ou dentro de um sonho? Alguém arriscaria dizer: "Eternamente unidos em suas lembranças" - Ok, existindo como um micro-relâmpago surfando nos miolos do cérebro, uma descarga elétrica sambando com as pequenas veias entretidas na tarefa de levar o sangue pra lá e pra cá...
- Escapei por um triz!
- É um perigo andar contra o vento numa linha de trem.
- O trem é só um monstro rastejante.
Epa, eu não queria acordar, mas o sono é uma morte leve e o querer é feito de nuvem que o vento leva de um lado pro outro. O mesmo vento que me fez ficar triste, triste como um círculo, agora me deixava alegre como uma bola. Uma grande bola gorda & colorida sendo jogada pro ar.
(todo fim é um novo começo)
3 comentários:
Com tanta poesia será que Mantega não se derreteu?
Insanamente delicioso, sempre vale a pena a espera por novas linhas!
Assim até eu quero acariciar os peitos de Mantega!
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