pra virar ladrão de túmulo eu preciso de uma cúmplice porque alguém precisa cavar o túmulo enquanto o outro espanta fantasmas. aí então, juntos, arrancamos dentes de ouro, jóias de ouro, dentes do cizo só pra variar. e chegamos em casa com as sacolas cheias de compras e com a alma lavada e as unhas cheias de terra que tanto incomodam os vizinhos.
- somos amantes de plantas dona jandira, se eu pudesse trepava com uma margarida. - e dona jandira ri.
começou assim, eu disse alto dentro de uma noite de lua:
- preciso de uma cúmplice pra cometer um crime abstrato. um crime silencioso. preciso de um cúmplice pra me ajudar com a arma porque a arma é uma arma gorda.
e ela respondeu. eu não sabia que alguém iria responder é claro que não.
na nossa segunda noite de amor tinha terra entre eu entre você tinha também um segredo. eu queria tanto estar batucando um tambor na áfrica e você sabe que eu queria tanto estar mergulhando num poço e você sabe que eu queria tanto pegar em armas, matar os impostores, gracejar um animal selvagem e é por isso que você me beija desse jeito como quem quer calar minhas vontades.
(porque a boca é quem conta as vontades).
pra descobrir que na verdade o que a gente busca nos túmulos é a prova de que estamos vivos porque se fosse o contrário, se fossem os ricos de dentro dos caixões que estivessem vivos e nós que estivéssemos mortos, eles não iriam entregar as jóias com tanta facilidade porque eu sei que eles são apegados nelas e que dariam a vida (se a tivessem) pelas malditas jóias.
você é minha cúmplice mas fica brava quando, depois de arrancar os dentes de ouro de cizo de leite, piso na cara deles e continuo a arrancar dentes que nem me interessam. mas essa é a prova de que EU estou vivo e você sabe disso porque também é a prova de que VOCÊ está viva.
quando te conheci, deus sabe como você ouviu o que eu disse aquela noite (desconfio que ela é a lua, descida, encarnada, nua lua nua lua encapetada sangue do meu sangue, meu peixe nadando ao contrário) me disse:
- quero um tiro de bala no meu peito, bem no meio dele. - e me disse isso tirando teu peito pra fora
e eu te disse:
- preciso de uma cúmplice.
e você se tornou minha cúmplice e te dei mais que isso. te mostrei onde estão os mortos. hoje você sabe o que eles estão fazendo. vê uns apodrecendo, outros trabalhando, outros vendo tv e copiando receitas. mas todos estão mortos e você nota a diferença pelo cheiro. e no lugar do tiro dei um beijo no teu peito, bem no meio dele e você disse que não tinha gostado de mim por ter achado a idéia do túmulo um tanto... qual foi a palavra que você usou? infantil? é acho que foi isso. achou a idéia um tanto infantil mas, depois de eu ter trocado o tiro pelo beijo você disse ter se apaixonado por mim.
porque sou inteligente. por mais lindo que seja o tiro ele fede. e o cheiro foi a forma que te ensinei pra distinguir entre quem está vivo e quem está morto e não quero te confundir, quero te dar a certeza de que você está viva e de que amanhã vamos abrir mais túmulos e arrancar mais dentes & jóias & tumores & peitos e que abrindo os caixões vamos soltar as almas pra que elas venham à noite, numa noite de lua, massagear nossas costas depois do amor que nasce como uma planta na terra que vem se acumulando entre nós.
porque eu sei que você é a lua que desceu encarnada dançando pra me provar que eu estou vivo e que é minha respiração que faz o mundo girar.
dançando, desceu dançando. nua encapetada.
começou assim, eu disse alto dentro de uma noite de lua:
- preciso de uma cúmplice pra cometer um crime abstrato. um crime silencioso. preciso de um cúmplice pra me ajudar com a arma porque a arma é uma arma gorda.
e ela respondeu. eu não sabia que alguém iria responder é claro que não.
na nossa segunda noite de amor tinha terra entre eu entre você tinha também um segredo. eu queria tanto estar batucando um tambor na áfrica e você sabe que eu queria tanto estar mergulhando num poço e você sabe que eu queria tanto pegar em armas, matar os impostores, gracejar um animal selvagem e é por isso que você me beija desse jeito como quem quer calar minhas vontades.
(porque a boca é quem conta as vontades).
pra descobrir que na verdade o que a gente busca nos túmulos é a prova de que estamos vivos porque se fosse o contrário, se fossem os ricos de dentro dos caixões que estivessem vivos e nós que estivéssemos mortos, eles não iriam entregar as jóias com tanta facilidade porque eu sei que eles são apegados nelas e que dariam a vida (se a tivessem) pelas malditas jóias.
você é minha cúmplice mas fica brava quando, depois de arrancar os dentes de ouro de cizo de leite, piso na cara deles e continuo a arrancar dentes que nem me interessam. mas essa é a prova de que EU estou vivo e você sabe disso porque também é a prova de que VOCÊ está viva.
quando te conheci, deus sabe como você ouviu o que eu disse aquela noite (desconfio que ela é a lua, descida, encarnada, nua lua nua lua encapetada sangue do meu sangue, meu peixe nadando ao contrário) me disse:
- quero um tiro de bala no meu peito, bem no meio dele. - e me disse isso tirando teu peito pra fora
e eu te disse:
- preciso de uma cúmplice.
e você se tornou minha cúmplice e te dei mais que isso. te mostrei onde estão os mortos. hoje você sabe o que eles estão fazendo. vê uns apodrecendo, outros trabalhando, outros vendo tv e copiando receitas. mas todos estão mortos e você nota a diferença pelo cheiro. e no lugar do tiro dei um beijo no teu peito, bem no meio dele e você disse que não tinha gostado de mim por ter achado a idéia do túmulo um tanto... qual foi a palavra que você usou? infantil? é acho que foi isso. achou a idéia um tanto infantil mas, depois de eu ter trocado o tiro pelo beijo você disse ter se apaixonado por mim.
porque sou inteligente. por mais lindo que seja o tiro ele fede. e o cheiro foi a forma que te ensinei pra distinguir entre quem está vivo e quem está morto e não quero te confundir, quero te dar a certeza de que você está viva e de que amanhã vamos abrir mais túmulos e arrancar mais dentes & jóias & tumores & peitos e que abrindo os caixões vamos soltar as almas pra que elas venham à noite, numa noite de lua, massagear nossas costas depois do amor que nasce como uma planta na terra que vem se acumulando entre nós.
porque eu sei que você é a lua que desceu encarnada dançando pra me provar que eu estou vivo e que é minha respiração que faz o mundo girar.
dançando, desceu dançando. nua encapetada.
3 comentários:
muito legal...só passei para dizer que passei...rssss
beijo
mix
um comentario a dizer que nao há porque comentar, se quero apreciarte, aprecieite. Isso mesmo, tudojuntoaocontrario. uma anonima disse...
Bem Bom beleza bonito brasil bolinhas brancas batendo
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